quinta-feira, 20 de novembro de 2014

 OS RIOS DE BETIM E A DIMINUIÇÃO DAS ÁGUAS

INTRODUÇÃO

O grito de socorro

O início do século XXI é marcado por mudanças políticas, tecnológicas e ideológicas nos sistemas mundiais. Mudanças estas que, sob o ponto de vista tecnológico e da praticidade de que grande parte da humanidade dispõe, foram extremamente positivas, porém, ao analisarmos as consequencias das mesmas mudanças no contexto sociológico e, sobretudo ecológico certamente nos depararemos com outro cenário. As desigualdades sociais cada vez mais acentuadas pela valoração do ser humano naquilo que ele tem, demonstra o quanto essa nova era global não comporta a todos, inclusive aos demais seres vivos que também dependem do mesmo planeta para viver, mas, parecem não ter mais lugar nele. Porém, como disse Leonardo Boff (2008), “o sofrimento, mais que a admiração faz pensar”. E, as consequencias trágicas que cedo chegaram, fazem a humanidade refletir um pouco mais a respeito do que temos feito do nosso ecossistema.
É necessário haver uma união interdisciplinar para que discorramos a respeito do tema proposto, tendo como ponto de partida de nossas observações a ecologia, para que assim, possamos falar do meio ambiente em si. A união de diversos conhecimentos resultará em uma pesquisa mais abrangente e de um conteúdo mais elevado. Se pensarmos em meio ambiente sem considerar a ecologia estaremos isolando o vasto conteúdo a que esta se refere. A ecologia eleva o nível do pensamento sobre o meio ambiente, de, apenas como natureza, para a importância que a Terra, como um todo , tem em nossa vivência.
Não basta pensarmos no meio ambiente, é necessário que pensemos na interligação que há entre nós, enquanto seres humanos, os demais seres vivos e o habitat em que vivemos e do qual dele todos dependemos.
Uma interessante fala de Leonardo Boff (2008) retrata exatamente a situação dos seres vivos no nosso planeta e nos chama a atenção diante das mudanças irreversíveis que essa nova era global tem causado: “Todos os seres da Terra estão ameaçados [...] e dessa vez não haverá uma Arca de Noé que salve alguns e deixe perder os outros. Ou todos nos salvamos, ou todos corremos o risco de nos perder.”. Em outras palavras, ou todos nós fazemos nossa parte para salvarmos nosso planeta, ou todos nós pereceremos num futuro próximo, que já bate à nossa porta.
Um retrato claro disso é que até poucos anos atrás o Brasil era visto como uma referência no que diz respeito à disponibilidade de recursos naturais, no entanto, a avalanche do sistema capitalista que invadiu todos os sistemas mundiais nos últimos tempos, provocou uma repentina destruição dos recursos naturais de que dispúnhamos, causando consequencias que até então eram visivelmente pequenas e quase imperceptíveis. Mas chegou o tempo que a natureza deu o seu grito de socorro. Até mesmo os recursos mais necessários à vida estão se findando. Hoje vemos que os recursos infinitamente renováveis que pensamos ter, não comportam o consumismo exacerbado do século XXI e todo o seu sistema, que a todo custo, tem que girar.
Esta pesquisa pretende trazer essa questão para mais próximo de nosso dia a dia. Iremos abordar a situação em que se encontram os recursos hídricos de que dispomos hodiernamente na cidade de Betim considerando sobretudo as condições que os principais rios da cidade se encontram diante da maior seca dos últimos anos.

Mas... o que é ecologia?

Ecologia é mais que o estudo do meio ambiente, como aprendemos no senso comum; segundo Ernest Haeckel (1834-1919), considerado o criador do termo, ecologia é "o estudo do inter-retro-relacionamento de todos os sistemas vivos e não vivos entre si e com o seu meio ambiente." (BOFF, 2000 p.17). Não é apenas o meio ambiente, e sim a relação de dependência de todos com todos, desde a rocha abiótica até os seres mais complexos existentes na natureza.

 



PERGUNTAS DA PESQUISA



Quais são as possíveis causas para que a seca dos rios chegasse ao ponto em que se encontram neste ano de 2014?


Em comparação com os últimos anos, como podemos descrever o período de seca em Betim no ano de 2014?


Há quanto tempo a cidade de Betim não enfrentava uma seca da dimensão que nos deparamos atualmente?


Quais medidas vem sendo tomadas pela Prefeitura Municipal, pela Secretaria de Meio Ambiente para amenizar os problemas dessa seca?

Existe alguma previsão para que os níveis dos rios e das represas que abastecem a cidade voltem ao normal?



JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Esta pesquisa foi elaborada com o intuito de informar os cidadãos betinenses sobre a real situação dos rios de Betim e dos efeitos da seca do ano de 2014 mas, sobretudo, conscientizá-los da importância que a água tem e que muitas vezes os seres humanos não sabem valorizar.

- Aspecto Social da Pesquisa


Pelo bem comum é necessário promover uma conscientização sobre o desperdício do elemento da natureza mais precioso para a vida: a água. Uma vez que não a preservamos, a vida de todos os habitantes do planeta está em risco. Talvez essa seja a maior ameaça de extinção coletiva das espécies já vista. No decorrer de nossa pesquisa destacamos o cuidado com a Terra, tendo em vista que este é também o cuidado de uns com os outros.

- Aspecto do Conhecimento Acadêmico


O desenvolvimento de uma pesquisa agrega valores inestimáveis ao conhecimento acadêmico. Pesquisar é colocar-se frente a frente com a realidade e, sob um ponto de vista, avaliar a situação/fenômeno. É possível concluir, após uma pesquisa que nada é da forma que pensamos inicialmente ser. Pesquisar sobre a escasses da água em nossa cidade é, na verdade, desvendar os olhos para enxergar algo que sempre esteve muito próximo de nós, mas que não víamos, nem percebíamos.
Através desta pesquisa foi possível nos deparamos com uma realidade que apenas ouvíamos falar, de forma ampla, mas não interiorizávamos. Mas esse confronto com a realidade pode proporcionar um verdadeiro "choque" que faz refletir e repensar as próprias atitudes. E esse é o objetivo de nossa pesquisa: que o leitor se conscientize através desse confronto com a realidade.

-Aspecto Profissional


Quando pensamos em meio ambiente e direito numa mesma ideia, inicialmente nos parece confuso, mas descobrimos que a pesquisa também aproxima conceitos. A natureza está sendo fortemente agredida há pelo menos dois séculos pelos humanos, e, não há como fazê-lo sem agredir à nossa e às outras espécies existentes. O direito à vida está sendo silenciosamente transgredido e todos nós (os humanos) somos os principais responsáveis; mas, se estamos todos como réus, quem nos julgará? Alguma divindade? Algum super-herói do planeta? Não. A própria natureza está fazendo justiça por si mesma.
É hora do ser humano exercer a solidariedade¹, afinal de contas, estamos todos no mesmo barco. Se afundarmos, afundaremos todos, e, se nos salvarmos, nos salvaremos todos.
¹(sob a perspectiva de Émile Durkheim, entendida como a criação e/ou a perpetuação, continuidade dos laços sociais entre as partes que compõe a sociedade).

 O QUE A MÍDIA TEM FALADO SOBRE O TEMA DA PESQUISA

          A falta de água está sendo uma notícia constante na mídia, a preocupação com a existência do futuro próximo sem água está atormentando a todos, objetivos e metas são citadas, formas de economizar e críticas não faltam, porém a grande pergunta continua: será que a mídia tem feito tudo o que poderia para ajudar na conscientização? Um exemplo são reportagens publicadas pelo jornal O Tempo Betim, no qual relata a redução do nível da água dos rios de Betim, mas será que essa abordagem deve ser meramente descritiva ou precisamos reforçar de forma mais sistemática a realidade da falta da água no futuro?

AÇÕES REALIZADAS PARA ELABORAR A PESQUISA



Leitura de livros, jornais e revistas que nos ofereçam conteúdo relacionado ao assunto;

Busca de informações nos órgão responsáveis pelo abastecimento hídrico e energético de Betim;

Entrevista com a Bióloga e Educadora Ambiental Karine Palhares, representante da Divisão de Desenvolvimento e Educação Ambiental da Prefeitura Municipal de Betim;




Pesquisa de campo: visita ao reservatório para captarmos imagens para análise;

Entrevista com moradores da região em torno dos rios e dos reservatórios que abastecem a Betim.




ENTREVISTA COM KARINE PALHARES


 BIÓLOGA E EDUCADORA AMBIENTAL DA DIVISÃO DE DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM

12/11/2014

Da esquerda: Ana Flávia Costa, Karine Palhares e Scarlat Horrara


Entrevista realizada na sede da Prefeitura
Municipal de Betim

 

Quais são as possíveis causas para que a seca dos rios chegasse ao ponto em que se encontram neste ano de 2014?

O desenvolvimento da cidade.  As cidades vêm se desenvolvendo -  todas as cidades, não só Betim - e a preocupação com as nascentes, com os mananciais, com a ocupação das áreas que precisam ser preservadas, muitas vezes é limitada, e não acontece da forma que tem que acontecer.

Quando pensamos em um desenvolvimento sustentável é isso: Nós trabalharmos em prol da questão ambiental, social e econômica. O Brasil como um todo vem se desenvolvendo de uma forma errada nas últimas décadas; temos soterrado nascentes, impermeabilizando solos, asfaltando, arrancando as árvores, nós estamos acabando com todas as possibilidades que a água tem de penetrar no solo e quando fazemos isto, mudamos também o clima da região. A partir do momento que nós nos desenvolvemos sem pensarmos no desenvolvimento sustentável, nós colaboramos para que esses fatos aconteçam.

            A secretaria de Meio Ambiente de Betim, desde 2002, tem a possibilidade de fazer o licenciamento ambiental aqui no município, sendo assim uma forma de minimizar esses problemas porque assim podemos colocar condicionantes que minimizem os problemas locais. Mas não é suficiente. Isso acontece há pouco tempo e a forma errada que viemos agindo com o meio ambiente não é atual. Hoje estamos colhendo o fruto do que foi plantado há muitos anos.

            Em suma, o principal problema é esse. O desenvolvimento em prol da qualidade de vida do ser humano em termos econômicos, dificilmente pensando na questão do bem estar ambiental, pois a partir do momento em que temos um ambiente agradável, temos também uma vida melhor e de mais qualidade.


Em comparação com os últimos anos, como podemos descrever o período de seca em Betim no ano de 2014?

            Grave. É o que já havia sido dito, nós estamos colhendo o que plantamos antes. O Brasil, principalmente o sudeste, está passando por uma modificação no clima muito grande e essa modificação climática não é especificamente do Brasil, é mundial. O aquecimento global não é uma questão que vem acontecendo hoje; ele vem sendo falado desde 1992. O primeiro relatório do IPCC em 1997, cinco anos depois da ECO 92, já falava sobre isso, mas diversos países não aderem, nem fazem questão de fazer nenhuma modificação em seus processos produtivos, na emissão de gases de efeito estufa, e isso vem acarretando nos problemas que temos enfrentado agora. Locais desérticos começaram a ter chuvas e locais que nunca antes tiveram problemas com falta de chuvas começaram a ter. Essa mudança climática é uma mudança mundial.

            Agora estamos colhendo o resultado dessas décadas de desenvolvimento que vem acontecendo desde a época da Revolução Industrial, para outros países, e, para Brasil, a partir de 1950 isso vem se intensificando cada dia mais. Então não é um problema localizado, não é um problema atual, na verdade nós estamos colhendo o que vem sendo plantado nas últimas décadas. Com o desenvolvimento tecnológico, o desenvolvimento científico, o crescimento das cidades, o crescimento populacional o meio ambiente sofre. Áreas que precisavam ser preservadas estão sendo ocupadas de forma errada, como por exemplo, os topos dos morros que são áreas que precisavam ficar preservadas, com áreas de mata porque é ali que a água penetra e vai para o subsolo, ali é a área de recarga das regiões. Mas as cidades cresceram, ocuparam todas as áreas de topos de morros, ocuparam a beira dos rios, retificam os rios, acabam com as matas, estamos destruindo tudo.


Há quanto tempo a cidade de Betim não enfrentava uma seca da dimensão que nos deparamos atualmente?

            Eu acho que é a primeira vez. O ano de 2012 foi um ano que choveu pouco, 2013 choveu pouco e 2014 choveu menos ainda. Essa seca vem sendo crescente. Agora temos que pensar em como melhorar isso, em como crescer, em como se desenvolver de forma sustentável, pensando na questão ambiental, cientes de que não vivemos apenas da questão econômica. Daqui a pouco não teremos água para beber, para alimentar nossas famílias, para nossos plantios e como nós vamos fazer? Nós vamos nos alimentar de que? De dinheiro? Então nós temos que realmente repensar nesta situação e pensar neste desenvolvimento.


Quais medidas vem sendo tomadas pela Prefeitura Municipal, pela Secretaria de Meio Ambiente para amenizar os problemas dessa seca?

            Na verdade nós fazemos este trabalho de educação ambiental desde sempre; desde 2002 que temos a Secretaria de Meio ambiente nós viemos trabalhando em cima disto. Nós realizamos palestras educativas, nós temos campanhas educativas, mas as pessoas não entendem; elas só entendem quando a coisa acontece. A gente vem falando sobre isso há anos, nós temos mudanças de hábitos individuais há anos, e temos ensinado as pessoas a terem também essa mudança de hábito há anos, mas as pessoas muitas vezes não acreditam, é como se o que nós falávamos não tivesse fundamento. Agora nós falamos exatamente as mesmas coisas que falávamos há dez, doze anos atrás, mas o que nós falamos hoje tem fundamento porque hoje elas estão sentindo a realidade.  Nós sempre fizemos campanhas educativas, realizamos palestras, temos oficinas, temos um trabalho de educação ambiental muito positivo, inclusive já fomos referência em educação ambiental em Minas Gerais e no Brasil, mas neste ano de 2014 nós intensificamos essa campanha, inclusive fizemos um folheto educativo para solicitar que as pessoas tenham ações de economia de água, de redução de consumo, de cuidado com a água para que ela não falte a nós.


Existe alguma previsão para que os níveis dos rios e das represas que abastecem a cidade voltem ao normal?

Não. Especialistas em hidrografia vem dizendo que para alcançarmos novamente os níveis normais de água, teríamos que ter chuvas de verdade. Teríamos que ter chuvas pelo menos de setembro a março, que era o período chuvoso há dez, quinze anos atrás, por três anos seguidos, assim talvez tivessem uma recuperação. Mas mesmo que esse período de chuvas acontecesse, ele teria que acontecer com a quantidade que chovia antigamente por pelo menos três anos para abastecer todos os mananciais. Atualmente o período de chuvas diminuiu demais, está de novembro a janeiro, chuvas fortes e muita chuva num período de tempo muito pequeno. Não adianta chover muito de uma vez porque o que abastece o solo é a chuva contínua e não a chuva forte e rápida porque esta muitas vezes bate no solo e vai embora, não dando nem tempo dela entrar, e, quando dá pra entrar ela entra tanto que o solo fica saturado e não absorve mais nada. É preciso que tenham chuvas espaçadas, chuvas mais fracas; aquelas chuvinhas que antigamente passávamos dezembro todo chovendo, de mofar o guarda-roupa, janeiro todo chovendo, que as pessoas tinham que viajar para a praia com chuva, enfim, precisamos  é desse tipo de chuva e dessa quantidade de chuva para abastecer novamente todos os lençóis freáticos, todas as represas e os mananciais de abastecimento.


De que forma as pessoas podem ajudar na prevenção de uma situação semelhante no próximo período de seca?

Acho que as pessoas tem que pensar é no hoje. Cada um pode fazer sua parte minimizando o problema. Reduzindo o consumo de água reduzindo o desperdício, reduzindo a “lavação” de calçadas, é um absurdo as pessoas utilizarem uma água tão nobre, tão boa, uma água que é possível beber; nós temos hoje o abastecimento da concessionária COPASA que nos fornece uma água de excelente qualidade, e utilizar uma água tão nobre para lavar calçadas... temos que acabar com essa atitude! Fazer o armazenamento da água das chuvas de telhados. Nós vamos ter que entrar em um processo de economia, de reuso dessa água. Se já tivéssemos essa forma de reutilizar a água da chuva em casa, por exemplo, nós usaríamos essa água para lavar a calçada, que é uma água menos nobre; não é uma água para fazer comida, para beber, para tomar banho. A primeira coisa seria a redução do desperdício e a outra é a redução do consumo mesmo. Ao ensaboar a louça da cozinha, desligar a torneira, ensaboar tudo e depois enxaguar tudo, utilizando a menor quantidade de sabão possível porque quanto mais se usa, mais se gasta água para enxaguar, e, como os rios estão faltando água, quanto mais sabão usamos pior a qualidade da água fica, pois, infelizmente, ainda não é todo esgoto que recebe tratamento. Por exemplo, ao escovar os dentes, fechar a torneira enquanto escova. Ao tomar banho, na hora de ensaboar fechar a torneira, ou mesmo reduzir o tempo de banho. Em cinco minuto é possível tomar banho, mas tem pessoas que acham que um banho tem que durar quarenta minutos.

É possível reduzir tempo de banho, reduzir o desperdício de água [...] e reutilizá-la da melhor forma possível. Temos que pensar no nosso amanhã e é hora de mudarmos nossos hábitos para que tenhamos o amanhã.

#FicaADica

Faça algo diferente !

O desperdício e reutilização da água nunca foram tão comentados. Agora que a humanidade se depara com os mais baixos níveis de chuvas de todos os tempos e com a escassez do bem mais precioso à vida, se preocupam com isso, mas somente se preocupar sem agir não ajuda. Se conscientizar não é apenas 'saber'; se conscientizar é também agir, ter consciência de que algo está errado é pensar diferente, é fazer diferente. Ainda há tempo de escrever um novo futuro! Não demore, começe hoje!
Faça algo diferente hoje! Entre você também na onda do RE. RE-duza, RE-cupere, RE-cicle e RE-utilize.





OS RIOS DE BETIM E A DIMINUIÇÃO DAS ÁGUAS


A hidrografia de Betim


          O município de Betim, com 345,99 km² de extensão territorial está situada na Bacia do Rio Paraopeba. Cortando oeste e sudoeste do muncípio, o Rio Paraopeba define a divisa entre Betim, Igarapé, São Joaquim de Bicas e Juatuba. A divisa entre Betim, Mário Campos e Sarzedo é feita pelo córrego Sarzedo. A divisa com Ibirité é feita através dos divisores de bacia da represa de Ibirité. A divisa com os municípios de Contagem e Esmeraldas é feita por divisores de bacia, excetuada a divisa Betim-Contagem, na Bacia de Várzea das Flores, cujo divisor é o Córrego Água Suja. As diversas municipais tem as seguintes características:

1.    Bacia do Córrego Pimenta:

Situada na regional de Vianópolis, tem o uso rural e sítios de recreio.

2.    Bacia do Córrego Marimbá:

Também situada na região de Vianópolis, onde estão núcleos urbanos de Vianópolis, Santo Afonso e Marimbá. Tem ainda o uso rural e sítios de recreio.

3.    Bacia do Córrego Serra Negra:

Situado ao norte do município é ocupada por fazendas , tendo uma expressiva atividade pecuária.

4.    Bacia do Rio Betim:

É a maior do município. Possui diversas subdivisões em função do uso do solo e das características naturais.

4.a. Sub-bacia de Várzea das Flores:

É a área de preservação de mananciais mais importante de Betim. A barragem de Várzea das Flores, responsável por 15% do abastecimento de água da região metropolitana de Belo Horizonte, é onde se produz a água de menor custo do sistema. De preservação fundamental tem o uso rural, sítios de recreio e uso urbano (Bairro Icaivera).

4.b. Sub-bacia do Rio Betim (Trecho Urbano)

É onde se localizam o centro de Betim, a maior parte dos bairros antigos da cidade bem como dos bairros novos ao longo da Av. Edméia Lazarotti e das ruas Do Rosário e Nossa Sra. Das Graças. Atravessa ainda, parte da regional das Alterosas.

4.c. Sub-Bacia do Riacho das Areias

Localiza-se em área que concentra a maior parte da população da cidade e diversas indústrias. Contém uma parte do centro. Parte da regional de Alterosas, da regional do PTB, das regionais de Imbiruçú e Teresópolis. Fica ao norte da BR 381.

4.d. Sub-Bacia  do Córrego Saraiva

Possui pequeno trecho urbanizado, ao oeste da cidade, recebendo, portanto, esgotos domésticos. No entanto, a maior parte da Bacia é ainda bem preservada e tem muitos sítios de recreio.

4.e. Sub-Bacia do Rio Betim (Trecho Rural)

É ainda bastante preservada, com fazendas e sítios de recreio. Situa-se na área abaixo da cachoeira do Rio Betim.

5.    Bacia do Córrego Mesquita

Situa-se ao oeste do município e é ocupada por sítios e fazendas.

 6.    Bacia do Córrego da Charneca

Área também a oeste, ocupada por sítios de recreios e fazendas.

7.    Bacia do Córrego Goiabinha

Área de usos diversos, rurais e urbanos, ao longo da BR 381, situados nas cabeceiras do córregos que a formam. Grande parte da regional do PTB está nesta bacia, assim como os bairros Granja São João, Jardim Petrópolis e Cidade Verde.

8.    Bacia do Córrego Bandeirinhas

É a segunda Bacia do município em dimensão. Localizada ao sul da BR 381 tem usos diversos (urbanos, industrias e rurais) situados nas cabeceiras do córrego que formam grande parte da regional do PTB está nesta bacia, assim como os bairros Granja São João, Jardim Petrópolis e Cidade Verde.

9.    Bacia do Córrego Raul de Lima

Localizada ao sul do município na divisa com Sarzedo, é ocupada por propriedades de uso rural.

10. Bacia do Córrego do Quebra

Área a sudeste do município, com uso rural.

11. Bacia do Córrego Pintado

Localizada a leste do município, onde estão a REGAP, o Jardim Piemonte (Bairro Industrial) e o Parque Fernão Dias. O córrego Pintado é um dos formadores da represa de Ibirité cuja água é usada pela REGAP.

A diminuição das águas e a energia elétrica


Como é o ponto focal do trabalho , em que damos atenção ao baixo nível das águas dos rios de Betim e região, complementamos com algumas informações referentes às consequências do menor volume pluviométrico na região para a nossa geração de energia elétrica. 

Como se sabe no Brasil , nossa matriz energética é preponderantemente derivada da produção Hidráulica , ou seja , proveniente de Hidroelétricas.

 Veja na imagem abaixo, como se divide a produção energética e como a produção de energia proveniente da água é importante para nós, totalizando mais de 70% da produção nacional :


             A produção de energia hidráulica é gerada pela força da agua dos rios, que se transforma em energia elétrica por meio das usinas. A usina é construída no rio e formada por lago, barragem, casa de força, subestação elevadora e linhas de transmissão.

            O lago, chamado de reservatório, é formado pelo represamento das águas, o que é possível pela construção de uma barragem. Na barragem é construído o vertedor da usina, abertura por onde sai o excesso de água do reservatório em tempos de chuva.

           Desse modo, para produzir a energia, a água sai do reservatório e é conduzida com muita pressão por enormes tubos até a casa de força, onde ficam as turbinas e os geradores. A turbina possui pás ligadas ao gerador. A pressão da água movimenta as pás, que criam um campo magnético, produzindo eletricidade.

            Em seguida, para que a energia chegue às cidades, é necessário aumentar a voltagem, trabalho feito pelos transformadores elevadores das subestações. Dessa forma, a energia elétrica é transportada através das linhas de transmissão. Entretanto, para alcançar as residências, a tensão é rebaixada na subestação abaixadora e chega às residências por meio das redes de distribuição, formada por postes, cabos e transformadores.

             Hoje , o sistema que atende Minas Gerais é o sistema da CEMIG, que é um sistema interligado , porém uma das maiores fontes produtoras que nos atende na região metropolitana é a usina Hidroelétrica de Três Marias, que foi construída sobre o leito do Rio São Francisco. Na falta da energia desta usina , temos que “importar” energia de outras regiões, seja ela de outras usinas hidroelétricas ou usinas termoelétricas , que possuem um custo mais alto para todos.


           
Hidrelétrica Três Marias

            De modo a exemplificar as consequências da redução do volume pluviométrico e redução dos níveis dos rios , mostramos abaixo a Tabela fornecida pela própria CEMIG , que divulga diariamente os dados dos níveis desse que é um dos principais reservatórios para nós.

            Resumidamente , a tabela nos mostra a entrada do volume de água proveniente dos rios , o nível de água , o nível de água útil em percentual para gerar energia e o tanto de água que vaza do reservatório para que o rio continue seu curso.

            Desde outubro a usina vem tendo volume útil abaixo de 5% , que é inviável para continuar gerando energia , pois cabe ao controle continuar dando vazão , para que o rio siga seu curso sem maiores interferências do homem. Desta forma , a gestão da CEMIG foi obrigada a desligar as turbinas geradoras.
            Com a volta modesta das chuvas em novembro , mesmo com aumento do afluente da represa, o volume não é suficiente para subir o volume útil da usina , para que ela volte a produzir energia.
NÍVEL DE ÁGUA ÚTIL EM PERCENTUAL - BACIA HIDROGRÁFICA TRÊS MARIAS


            Temos, portanto , um quadro crítico não somente para os rios que abastecem nossa região com água para consumo , assim como nos rios e reservatórios com finalidade de produção de energia elétrica.

            Certamente nossa energia elétrica, tendo seu custo aumentado pela produção por termoelétricas, impactará nos bolsos dos consumidores no próximo ano. A partir de agora, contamos com a conscientização coletiva para não sofrermos racionamento tanto de água, quanto de energia. A nós cabe somente a conscientização do consumo e nos preparar melhor para o futuro com o uso racional da água.

A seca em Betim


Sobre essa rocha jorravam as águas de uma nascente localizada na barragem Várzea das Flores
Fonte: Foto do Grupo

Represa Várzea das Flores
Fonte: Foto do Grupo


         Falar sobre a água se torna quase um dever moral das sociedades do século XXI. A abordagem desse tema está cada vez mais perto de nosso dia a dia, mas o que sabemos de nossa cidade? Quais consequencias a seca do ano de 2014, que foi considerada por estudiosos a pior dos últimos tempos, trouxe para a nossa região? Buscando trazer informações mais relevantes para a região metropolitana de Belo Horizonte, especialmente Betim, elaboramos esta pesquisa, com o intuito de, sobretudo, levar o cidadão betinense ao confronto com a realidade, e ao saber que a dificuldade está mais próxima do que o cidadão comum imagina, promovermos uma conscientização que gere resultados efetivos nas atitudes de cada um com relação à escassez da água.

         Segundo a bióloga Karine Palhares, desde o ano de 2012 o nível da água vem diminuindo consideravelmente nos rios de Betim devido à diminuição cada vez maior dos níveis de chuva, porém, neste ano de 2014 a situação se apresentou de forma mais grave. Famílias que moram próximo ao reservatório Várzea das Flores (que abastece cerca de 15% da região metropolitana de Belo Horizonte) afirmam que o nível em que a água baixou espantou os moradores.
Imagem da Nascente que diminuiu drasticamente neste período da seca.
Fonte: Foto do Grupo
        Os moradores relatam que há cerca de 5 meses estão sem abastecimento de água pelo fato da represa indicar a cada dia um menor volume hídrico. Moradores estão  utilizando água da chuva para realizações de trabalhos cotidianos como lavar vasilhas, tomar banho, etc. Em conjunto se mobilizaram e construíram em cada residência um sistema de tratamento rudimentar da água, um filtro com materiais simples, areia lavada(área de piscina), brita, e carvão pra a realização da filtragem da água.
        A prefeitura de Betim fazem cotidianas visitas de vistoria em cada residência para fiscalizar se nenhum morador está colhendo a água da represa para a utilização em suas residências, se algum caso for identificado tal responsável é acusado de crime ambiental e leva multa .O lado cômico e que moradores que se veem todos os dias de fronte a tão quantidade de água, vivenciam a necessidade de comprá-la. Entramos em contato com a COPASA para obtermos maiores informações a respeito deste assunto, porém, não obtivemos resposta.
O que a natureza constrói o homem desconstrói, vivíamos em tempos de vacas gordas e nos defrontamos agora com tempos de vacas magras e não se sabe ao certo até quando o nosso ouro azul (água) se encontrará em nosso meio, por isso temos que tomar consciência de tal grito de socorro que a natureza nos incessantemente expressa.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO GRUPO

          Através desta pesquisa aperfeiçoamos nosso conhecimento sobre a hidrografia de Betim além de nos proporcionar uma maior conscientização sobre o uso da água e, a partir de então passarmos adiante essa preocupação sobre o futuro das próximas gerações.



 Referências Bibliográficas

 BOFF, Leonardo. Dignitas Terrae Ecologia: Grito da Terra, Grito dos Pobres. São Paulo, Ática, 2000.
BOFF, Leonardo. Ecologia, Mundialização, Espiritualidade. Rio de Janeiro: Record, 2008.

MATRIZ ENREGÉTICA NO BRASIL. DISPONÍVEL EM <http://envolverde.com.br/noticias/emissoes-na-matriz-energetica-brasileira-cresceram-69-em-2013/>. Acesso em 27 Out. 2014

NÍVEL DE ÁGUA ÚTIL EM PERCENTUAL - BACIA HIDROGRÁFICA TRÊS MARIAS. DISPONÍVEL EM <www.cemig.com.br>. Acesso em 13 Nov. 2014

PLANO MUNICIPAL DE SAÚDE. PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM. Disponível em:<http://www.betim.mg.gov.br/ARQUIVOS_ANEXO/PLANO_MUNICIPAL_DE_SAUDE;07384213;20061213.pdf>. Acesso em: 15 Out. 2014.

QUINTANEIRO, Tânia. Um Toque de Clássicos.2. ed. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2003.


Componentes do Grupo:
Alexandre Júnio, Ana Flávia, Carlos Nataniel, Elisama Campos, Gisele Trindade, Greice Rezende, Paulo Zschaber, Scarlat Horrara, Werick Martins.

Entrevista 1

Entrevista 2




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